He who speaks in wicked tongues may translate this.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Recebendo a chuva de braços abertos.

Eu devo ser a única pessoa que bem no fundo está feliz com o clima que se avizinha para este fim-de-semana. Chuva… Já sentia falta dela. Enquadra-se perfeitamente com o meu estado de espirito, e quando as coisas criam estas empatias comigo, fazem-me sempre sorrir.
Começo pelo som da chuva. Aquele ruido branco, as pingas a baterem no vidro, a agua a escorrer pelas inúmeras fissuras, é tão harmónico como uma orquestra sinfónica. A harmonia que a mim me transmite é subliminar, e dou comigo ocasionalmente a gravar o som desta no telemóvel, ou no gravador de áudio. Só em sons de chuva e vento, tenho cerca de 3GB de som, desde chuvas miudinhas, a vendavais de fúria. Adoro. O preenchimento sonoro da chuva cria uma ténue cortina de som que cintila conforme as superfícies onde bate, influenciadas pelo sopro do vento. Mais prazerosa se torna quando esta é vivenciada no meio da Natureza. As poças, vibrantes e gravosas. As folhas, que estalam suavemente. Os troncos, que criam pequenos fluxos de água. A brisa que normalmente a acompanha. O som da chuva pode ser tão suave como um canto lírico em soprano, como agressivo e imponente, ao jeito de um contratenor altus.
Visualmente, esta mais impressionante se torna. Consegue transformar sempre o cenário onde esta participa, e rapidamente transforma-se no elemento soberano de uma paisagem. Ceus com tonalidades dramáticas que viajam entre os tons claros e escuros do cinzento e do azul, exercendo uma carga pesada sobre a linha do horizonte. Ganha massa, dá textura ao ar, e influencia os tons das paisagens. Tudo se torna mais escuro, menos saturado, e ornamentado com os mil e um reflexos da água que, sob o meu ponto de vista, conseguem criar efeitos de luz bastante belos e fascinantes. Uma outra alma abraça a atmosfera, e o seu peso pode se sempre sentir. A maioria das pessoas não gosta desse peso nos ombros, mas a mim, nestas ocasiões especiais, funcionam como se fosse um braço amigo que se deixa cair sobre os meus ombros em gesto de amizade. Um peso que não me importava nada de sentir todos os dias.
O seu cheiro, tão imponente e majestático, abafa todos os outros odores, e amplia os cheiros que a Natureza tem para nos oferecer. Simplesmente adoro aquela fragância a orvalho que parece um ritual de boas vindas que me é concedido sempre que vou para o exterior. Que me acaricia a face, e me convida a ficar. Esse mesmo cheiro. Pureza de tudo que pelas aguas ancestrais foi lavado.
O culminar de toda essa experiencia atinge o seu Opus Magnus quando o teu corpo se envolve diretamente com a chuva. Sente cada pinga, o som desta a bater na nossa gabardine, ou chapéu-de-chuva, sentir a brisa na sua totalidade, acompanhada pela descida de temperatura que quebra a monotonia do calor. Faz-me sentir como uma fonte de calor no meio daquele cenário, sinto que faço diferença, e que tenho impacto no mundo que me rodeia.
Estas pequenas sensações para mim fazem toda a diferença. São tão boas que me obrigam a partilha-las com quem teve o seu tempo para as ler. Há quem se identifique com o que escrevi. Há quem possa ganhar uma nova abordagem sobre o assunto, e há aqueles que simplesmente não entendem. Mas tenho a agradecer a Mãe Natureza por me proporcionar estes momentos de serenidade. Como se esta sentisse o que eu sinto, e vertesse uma lagrima em empatia comigo. Não quero tornar este texto em algo depressivo, mas sim em algo mais intimo, que no qual partilho. Um grande bocado do meu véu foi desmistificado, e está aqui exposto para quem teve a coragem (ou paciência) de ler.


Por isso, só vos digo o seguinte: Clitoris. :3

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