He who speaks in wicked tongues may translate this.

domingo, 2 de junho de 2013

Gota de Nada [Momento Poetico]

Sinto que nada tenho a perder, mas com medo para arriscar
Parado no tempo me encontro, exposto
A espera de um compasso que me diga o que fazer.

Tento o futuro, pois o passado me atormenta.
Mas como sair do passado se o futuro não se apresenta
Pois com um astrolábio pelas estrelas no passado se orienta
Enquanto que no presente, e futuro, nelas me perco
Pois já nem a Norte sei o que representa.

Uma Gota de nada.
Uma bolha num lírio.
Uma lagrima vertida pelo cosmos que olha para mim com a misericórdia que não mereco.
Fitam-me com pena, com indignação
Pela minha grande falta de orientação.

Sentir?! Nada sinto. Sou oco.
Seco. Nem gota chego a formar.
Preso me sinto, e evaporando vou-me indo.

O que me deu para escrever tais versos?! Não sei.
Na realidade sei, mas não quero contar.
Esse segredo fica comigo guardado, e pintado nas estrelas para quem quiser contemplar.
Mas não aconselho ninguém a muito se a aventurar
Esperam-se ventos de mudança.
Marés tumultuosas que viram a mais vigorosa das frotas.

Rimas espertas e melodias a acompanhar o que sinto.
Provavelmente imaginam um "fadinho" a moda do Porto.
Não... Estes acordes são frios. Asperos. Cortantes.
Como um grito vindo do Norte, um Norte obscuro.

Esses acordes dizem-me muito.
Neles constroem-se escalas que se perdem em notas
Que pingam os meus ouvidos, traçando melodias que não quero, e quero, ouvir.

O bater de uma bateria que acompanha o ritmo, marca os tempos
Exalta a violência que dentro de mim existe.
Tempestade, orgia de sons, abate de silencio.
Rituais de julgamento, prisões.

Cordas que se soltam e me prendem
Tambores que me espancam e aliviam

Chorem por mim, harpas, líricas e gotas repletas de nada.
Chorem por mim enquanto eu me rio da realidade.

Sorrio, admito que sorrio. Mas custa-me faze-lo.
Porque cultivar tristeza só cresce depressão
E apesar de eu soar a negrúme de espírito, rio-me com um tempero de insanidade.
Face a ironia que é querer sentir, mas renunciar ao que sentes, por saberes que é inútil sentir
Pois sentir como sinto é sentir um cadeado a apertar-se sobre as minhas correntes
Prendendo-me mais um pouco. Não preciso de cadeados. Preciso de correntes livres.
Não pretendo ficar preso nem pretendo prender ninguém as minhas correntes.
Quero um mundo livre.
Um mundo livre de dor.
Um mundo livre de ardor.
Um mundo livre de amor.
Pretendo paz, harmonia.
Experiencias de alegria.
Traços coloridos de aguarela a pintar o meu caminho
Em vez da monotonia cinzenta do carvão que tanto predomina.

Pintar o meu futuro, de dentro para fora.
Escrever o meu pergaminho na minha língua
Pois sobre o meu entendimento, basta o meu.

Mas não reprimo quem o contemple.

Uma gota cheia de nada... Que enche tudo.
Dela bebo a sabedoria do cosmos.
E lavo-me de tudo o que são forças negativas.


"The darkness of the upturned eye is not the absence of light
But the process of seeing being taken to its limit"

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