He who speaks in wicked tongues may translate this.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Arte da Guerra [Momento Poético]

Na esperança de um novo inicio,
Em direcção ao fim eu caminho.
Marchando para onde tudo acaba
Guiado pelas ambições de terceiros.
Marchando cegamente até ao campo de batalha.

Com a garantia de Glória, ou Morte.

Meus pés alisam as planícies junto com meus camaradas
Massivo pelotão, parede ambulante
Na mão direita descansa a espada, inimiga dos meus inimigos
E na direita, meu escudo, da minha vida seu amante.

Apeados aguardamos, enquanto o inimigo aproxima.
Poeira se levanta, necrofagos se reúnem no ar.
A promessa de carne fresca lhes é eminente
Tal como a nós a morte está sempre presente.

Respiro fundo.
Aperto a bainha.
Olho para a linha do horizonte.

O peso da minha armadura lembra-me do peso dos pecados que aí virão.
Aqueles que pela minha vida morrerão.
Aqueles que ao meu lado perecerão.
Memórias... Meu único consolo.
A promessa de a casa voltar.
Motiva-me.

A corneta rebenta pelo ar.
Como um estalo de realidade, esta me ordena a correr.
Corro para o meu fim.

A massa humana que se opõe a mim
Que na minha direção corre
Que insanamente gritam de raiva
De espadas erguidas e coragem renovada.
É tarde demais para voltar atrás.
Por eles terei que abrir caminho.
Construir uma ponte que me ligue a resiliencia.
Prevalecer face os meus ideais,
Mesmo que estes não sejam os meus,
Por eles envergo uma espada.

O aço choca, rebentam-se tempestades.
O chão estremece com a fúria de duas companhias que no planalto se encontram.
Naquele momento nada vale, só cores.
Naquele momento só me interessa matar, dilacerar, sobreviver.
Quebrar homens de família com o meu escudo.
Cortar jovens de poucas Primaveras vividas.
Sou um monstro sedento de sangue,
Mas sou só um, no meio de muitos, que tal como eu não querem saber.

O meu corpo vibra.
Cada pancada que recebo, a minha vida é posta a prova.
Cada pancada que dou, a minha Humanidade é desconsiderada.

Como animais numa escaramuça por um pedaço de carne.
Trepamos entre os corpos de camaradas mortos para aos nosso inimigos chegar.
Para mais corpos o solo preencher
E evitar que o meu do solo faça parte.

A Guerra não é uma arte.
É insanidade com mentalidade de alcateia.

Um lado de mim reza para que tudo pare.
Outro impede-me de parar.
Meu corpo só com um beijo de uma espada parará
Que prevalece as custas de quem falha em as evitar.

Talvez seja hoje que finalmente tombarei, mas não me arrependo.
Pois sou um mero peão neste campo de batalha
E se perecer, serei somente mais um
Mais um que a Terra alimenta.
Um número que se dissipa.
Um soldado que cai.

A Guerra não é uma arte.
É uma realidade que na minha alma rebenta a toda a hora.

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