He who speaks in wicked tongues may translate this.

domingo, 1 de setembro de 2013

Aquela expressão que nunca irás querer ouvir numa discussão.

"Acredita no que quiseres."

Esta expressão. Para a pessoa que a diz, pode ser sinonimo de "não sei o que te diga mais para mudar a tua maneira de pensar". O problema é que a pessoa no outro lado nunca irá interpretar dessa maneira, principalmente se a pessoa que o diz for a culpada de essa mesma discussão existir.

Eu não sei quanto a vocês, mas para mim, quando me dizem para "acreditar no que eu quiser" é basicamente alguém mandar-me educadamente a merda. Alguém que deixa de adoptar uma postura submissa e passa a agressão verbal. Eu posso ser uma pessoa difícil de "perdoar alguém", admito-o, tantos desgostos e desilusões talharam-me para ser assim. E não gosto de ser assim. Mas quando alguém me diz "para acreditar no que eu quiser", para mim é o mesmo que me dizerem "olha, deixei-me de importar com o que pensas, e vou deixar-me de dar ao trabalho de te tentar convencer que realmente estou arrependido, não vales a pena." De um certo modo, é verdade, porque quem usa esse argumento, intencionalmente, ou não, está a testar a reacção da outra pessoa, para ver se esta se acalma e se contem nos argumentos, sujeitando-se a que, com tal jogada, uma amizade/relacionamento/namoro seja posto em causa. É algo que a Igreja Católica tem feito ao longo dos anos como catalisador de influencias: a Doutrina do Medo. (a.k.a. se não segues a risca o que nós vos transmitimos, serão punidos com o Inferno)

Uma pessoa submissa, quando lê tal coisa, repensa o que vai dizer e acalma-se. Tem medo que tudo termine, pois interpreta que as próximas palavras que serão proferidas por ela irão selar a separação. Basicamente, toma a pessoa no outro lado como "garantida", independentemente do desenrolar da discussão, e a pessoa que ouve reage com base no medo.

Agora uma pessoa que não seja submissa, é um erro dizer tal coisa. A primeira coisa que a pessoa vai interpretar, mesmo que não seja verdade, é indiferença. Indiferença da outra parte, que a pessoa realmente não se preocupa com o que te vai na cabeça, no que te magoa, em tentar remediar os seus erros, ou a situação. A pessoa que ouve, ou lê, irá reagir mal (seja por orgulho, ou teimosia) e realmente irá optar por "acreditar no que quer", visto que a pessoa no outro lado aparentemente não se interessa em tentar convencer-te do contrario. A magoa aumenta. Aumenta bastante, ao ponto de que sabes que o que te vai sair da boca naquele momento vai magoar-te tanto a ti, como a outra pessoa, porque vais reagir por impulso.

Existem uma de três opções:

1 - Ignorar. Não fazer caso do que essa pessoa disse. Ela pode estar simplesmente a ser levada pelo calor do momento, e com o desejo de extinguir o fogo da discussão, coloca-se a jeito a margem do "abismo argumentativo", na esperança que a pessoa te "agarre a mão, e puxe". Mas nem sempre acontece tal coisa. Pode correr mal e a pessoa empurrar a outra para esse mesmo abismo, e assim se compromete uma amizade.

2 - Dar tempo. As vezes as pessoas precisam de se afastar para perceberem a falta que fazem uma a outra ou, as vezes, a falta que não fazem, e quiçá alivio, mas isso já é parte de uma psicologia que ambas as partes sentirão receio que a outra parte realmente sinta. Depois com o tempo, e após a poeira assentar, falam com mais calma. Isto se for realmente do interesse das pessoas, claro.

3 - Explicar o contexto. Basicamente, este texto acaba por servir como um "template" que estou a usar para mostrar a outra pessoa que há palavras que podem deixar cicatrizes profundas, e que reflicta primeiro, antes de largar o "pensa/acredita no que quiseres" no meio de uma troca de argumentos mais intensos. Pode correr mal, e nem toda a gente se dá ao trabalho de elaborar textos destes, e mostrar vários prismas de uma discussão.

No momento que escrevo isto, não nego que estou extremamente odioso, e que não desculpe a pessoa em causa tão levianamente. Mas... Ya... Vocês compreendem onde quero chegar com isto... Eu importo-me com ela, mesmo assim.